PALAVRA DO PRESIDENTE

O CRESCIMENTO DOS TEMPLOS EVANGÉLICOS NO BRASIL

A BBC News publicou reportagem sobre o crescimento dos templos evangélicos no Brasil, mostrando dados impressionantes acerca desse segmento cristão. A matéria afirma que “Eles eram minoria, mas podem ser maioria nos próximos anos”, e que no país onde a espiritualidade tem um papel preponderante na sociedade, “nas últimas três décadas, o número de evangélicos cresceu rapidamente”. De acordo com pesquisa realizada pelo Centro de Estudos da Metrópole (CEM/Cepid) da Universidade de São Paulo (USP), houve um aumento de 543% entre 1990 e 2019, passando  de 17.033 templos evangélicos para 109.560. Dados do IBGE ratificam tal expansão, em que os evangélicos representavam 9% da população em 1990, e em 2010 já eram 22%. Um estudo feito pela Datafolha apontou que em 2020 o total de evangélicos já correspondia a 31% dos brasileiros. De acordo com o demógrafo ouvido pela reportagem, José Eustáquio Diniz Alves, é possível projetar que os evangélicos tornem-se maioria na próxima década. Victor Silva, do departamento de Ciência Política da Universidade de Zurique, ao analisar o fenômeno, também aponta para o fato de que “principalmente nas periferias, as igrejas evangélicas chegam a fazer o papel do Estado, oferecendo serviços de assistência social, como distribuição de cestas básicas, o que, consequentemente, atrai mais fiéis”. 

A UNIGREJAS – União Nacional dos Pastores e Igrejas Evangélicas reitera a importância dos dados apresentados, bem como celebra o avanço do Evangelho no Brasil. O crescimento da população evangélica, dos templos protestantes, pentecostais e neopentecostais mudou o perfil religioso demográfico de nossa nação. Ainda que não se confirme vir a se tornar maioria absoluta na próxima década, a expansão nos últimos 30 anos é exponencial. O Brasil continua sendo um povo religioso, e isso é expresso nessa mobilidade de mudança de ramo do cristianismo sem abandono da fé. 

O Brasil desenvolveu uma tradição de abertura para a liberdade religiosa e de crença desde a proclamação da República e o fim da Monarquia, quando o Brasil era um Estado confessional. O decreto 119-A inaugurou a laicidade no Brasil, ao qual se desenvolveu para a formação do Estado laico colaborativo, nos termos do artigo 19, inciso I, da Constituição de 1988. O novo Código Civil aprimorou a liberdade de organização religiosa, com a Lei 10.825, de 2003, que tornou livre a formação e funcionamento das organizações religiosas, e facilitou a abertura templos de quaisquer religiões. 

Há um caminho ainda a ser perseguido em nosso país para a consolidação do Evangelho. Como a própria reportagem citada informa, é grande o número de pastores sem formação teológica, e a melhora de qualidade dos líderes é importante para o discipulado e crescimento espiritual dos convertidos. Jesus afirmou durante seu ministério aqui na terra que “a colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos”, e que devemos, portanto, pedir “ao Senhor da colheita que mande trabalhadores para sua colheita”.

Outra análise apresentada pela reportagem diz respeito à Igreja ter se tornado catalisadora de atividades que suprem a ausência do Estado. Fato é que a sociedade quando está organizada, seja por vínculos familiares, de afinidade de interesses, ou pela religião, torna-se menos dependente dos serviços do Estado, o que economiza recursos significantes para os cofres públicos. Não são apenas templos que as igrejas evangélicas abrem, mas grande parte delas também atua em iniciativas de ações sociais, de recuperação de viciados, de cuidado dos órfãos, dos idosos, e tantas outras coisas. Por isso, deve ser reconhecido que a expansão evangélica no Brasil beneficia à toda a sociedade. 

 São Paulo, 29 de julho de 2023. 

Bp. Eduardo Bravo - Presidente da UNIGREJAS

Matéria na íntegra, disponível em:

https://www.bbc.com/portuguese/articles/crgl7x0e0lmo. 

Veja também vídeo com resumo da reportagem:

https://twitter.com/bbcbrasil/status/1684720443528261633?s=46&t=ch77XRKdOGuasyDAnovDNQ.

Acesso em 28 de julho de 2023.