Acordar assustado no sono em que se está despencando de uma grande altura é uma das vivências desagradáveis que a maioria das pessoas já experimentou ao longo da vida. Por que é tão recorrente esse tipo de sono, onde a sensação da queda é tão vívida que o susto ao despertar frequentemente reflete o desespero da situação?

Segundo a neurologista Dalva Poyares, especialista do Instituto do Sono, os sonos que trazem a sensação de queda são, na realidade, perturbações que ocorrem no início do processo de sono.

De acordo com o renomado neurocirurgião Fernando Gomes, membro da equipe docente da FM-USP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), é importante salientar que os sonos que envolvem a sensação de queda não devem ser interpretados como um problema.

"A mioclonia fisiológica pode ocorrer tanto em crianças quanto em adultos, especialmente quando estamos extremamente fatigados ou quando dormimos em posições incômodas."

As contrações involuntárias dos músculos, conhecidas como mioclonias, podem ocorrer durante o repouso noturno. Essa ocorrência, frequentemente está relacionada à incapacidade do córtex cerebral em controlar adequadamente os movimentos e suprimi-los.

De acordo com Gomes, as mioclonias são mais comuns em crianças, devido ao período de desenvolvimento e amadurecimento do cérebro. À medida que o cérebro cresce e se desenvolve, é esperado que os episódios ocorram com menos frequência.

Os espasmos mioclônicos podem ocorrer devido a fatores genéticos, o que poderia ser a explicação para o aparecimento de certos tipos de epilepsia, intoxicação, encefalite, infecções e outras enfermidades. A detecção precoce é fundamental para evitar atrasos no desenvolvimento neuro-psicomotor, caso algum problema seja identificado.

Segundo Dalva, a mioclonia durante o sono faz parte de um conjunto de transtornos conhecido como distúrbios do movimento durante o sono, que podem abranger movimentos intercalados das pernas, ranger de dentes e movimentos periódicos das pernas, entre outros exemplos.