Quando e por que ele começou?

2. Quando e por que ele começou?
O povo judeu, ainda que tenha vivido disperso na diáspora judaica durante quase dois mil anos, sempre conservou uma identidade nacional.
Obviamente, parte desta identidade é resultado do próprio antissemitismo, uma vez que os judeus eram obrigados a viver separadamente da maioria cristã ou muçulmana ao longo da história, e a eles eram negados direitos básicos, como o de trabalhar na terra em diversos países da Europa. Mas, esta identidade nacional também evocava a ideia de voltar a reunir-se em Jerusalém, como entoado na festividade de Pessach, que comemora a saída do Egito. Durante todo este período, judeus aprendiam a falar a língua hebraica, que, além da sua função religiosa como idioma vernáculo, também acabou por ser um idioma comum entre judeus de diferentes localidades, que ajudou a impulsionar o comércio mediterrânico na Alta Idade Média. O senso de pertencimento ao mesmo povo, sofrendo privações de cunho nacional e com uma terra ancestral em comum, contribuíram para que a identidade nacional judaica, existente desde a época dos reinos israelitas na Judeia e em Israel antigos, fosse conservada.
A partir de fins do século XIX, um movimento migratório levou judeus, da
Europa Oriental para a Terra de Israel, ou, naquele momento, a província da Palestina, pertencente ao Império Otomano: era o movimento sionista, que ensaiava sua primeira resposta à questão judaica, por meio da criação de um lar nacional judaico. A questão judaica é, basicamente, o dilema judaico entre suas duas identidades (judaica e nacional), somada ao antissemitismo moderno, motivado sobretudo pelo nacionalismo xenofóbico. Após a Revolução Francesa, paulatinamente os judeus tornar-se-iam cidadãos nos países onde habitavam, teoricamente, gozando de direitos iguais aos outros.
No entanto, mesmo após o advento da cidadania, os judeus jamais deixaram de ser vítimas do antissemitismo.
A chegada dos judeus à Palestina otomana, no entanto, não desencadeou nenhum conflito entre judeus e árabes da região. Cerca de 50 mil judeus imigraram entre 1881 e 1914, sem que tal acontecimento tivesse gerado qualquer crise. Pelo contrário: a convivência era geralmente pacífica.
Após a Primeira Guerra Mundial, o jogo virou. Os interesses colonialistas britânicos e franceses resultaram em uma divisão dos territórios do Antigo Império Otomano em regiões mandatárias e zonas de influência, como se vê nos Acordos de Sykes-Pikot.
Os britânicos também fizeram promessas dúbias a judeus e árabes da região com respeito à autonomia e soberania sobre os territórios conquistados. Ao mesmo tempo em que emitiram a Declaração Balfour, na qual anunciavam sua simpatia a um Lar Nacional Judeu na Palestina, prometeram uma grande nação árabe às elites locais, por meio das Cartas McMahon-Hussein. A comunidade árabe da Palestina passou a ver com desconfiança a presença judaica na região, interpretando que os judeus, europeus como os britânicos, seriam parte de um projeto colonial que lhes subjugaria na terra que ocupavam há centenas de anos. E em 1921 tivemos o primeiro grande evento de ordem nacional - os Distúrbios de Jaffa, quando um ataque de milícias árabes atacou uma passeata de primeiro de maio de trabalhadores judeus, deixando 45 mortos. Outros 48 árabes também acabaram sucumbindo, a maioria em confrontos com a Polícia britânica que tentava conter o ato.
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