Nota sobre a tentativa de fraude com corpo levado à agência bancária
A busca pelas coisas materiais pode levar o ser humano a cometer as maiores loucuras
NOTA
SOBRE A TENTATIVA DE FRAUDE COM CORPO LEVADO À AGÊNCIA BANCÁRIA
A UNIÃO NACIONAL DAS IGREJAS E PASTORES EVANGÉLICOS vem a público, por meio de seu Presidente subscrito, manifestar-se acerca do ocorrido no Rio de Janeiro, em que uma mulher levou o corpo do seu tio, recém falecido, para retirar um empréstimo em seu nome.
RESUMO
Nesta última terça-feira, 17 de abril, uma mulher foi flagrada levando o corpo de seu tio em uma cadeira de rodas a uma agência bancária de Bangu, zona oeste do Rio de Janeiro. Ela pretendia simular que o senhor de 68 anos estava vivo, a fim de fazê-lo assinar um empréstimo de R$17.000,00. Os funcionários suspeitaram do ocorrido e ligaram para a polícia. O SAMU certificou que o idoso estava morto e a mulher foi levada para a delegacia.
MANIFESTAÇÃO
No Brasil, o crime de vilipêndio, previsto no art. 212, do Código Penal, é algo recorrente, com diversas motivações, seja para rituais ocultistas, roubo de acessórios valorosos dentro do caixão, e há, até mesmo, casos de necrofilia. A cena que viralizou na internet e girou o mundo é também, deveras, degradante e muito chocante. O ato filmado pelos funcionários do banco no bairro Bangu, no Rio de Janeiro, deve ser lamentado, pois envergonha toda uma sociedade, ao passo que demonstra o baixo nível ético que a população está vivendo.
A mulher, levada à delegacia, foi presa pelos crimes de vilipêndio de cadáver e tentativa de furto mediante fraude. Conquanto, não são apenas os aspectos criminais que devem nos espantar, mas também a decadência moral e espiritual que enfrentamos.
A busca pelas coisas materiais pode levar o ser humano a cometer as maiores loucuras, tal qual vimos nesse episódio no Rio de Janeiro. O apóstolo Paulo alerta que “o amor do dinheiro é raiz de todos os males” (I Timóteo 6.10). O jovem rico desistiu de seguir a Cristo quando foi desafiado a vender todos seus bens e dar aos pobres, “mas o jovem, ouvindo essa palavra, retirou-se triste; porque possuía muitos bens” (Mateus 19.22). Jesus contou a parábola do homem que produziu uma super colheita e pensou que poderia se regalar em uma aposentadoria farta, apenas para ser confrontado com a morte: “Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?” (Lucas 12.20).
Ao contrário de muitas religiões e filosofias pagãs, a fé cristã considera a santidade do corpo humano. Na Bíblia, o respeito à memória e estima da pessoa sempre se estendeu à maneira como é tratado após a morte. A dignidade da pessoa humana não cessa com o corpo sem vida. No Antigo Testamento podemos citar a promessa dos israelitas de levar os ossos de José quando Israel finalmente saísse do Egito:
“Disse José a seus irmãos: Eu morro; porém Deus certamente vos visitará e vos fará subir desta terra para a terra que jurou dar a Abraão, a Isaque e a Jacó. José fez jurar os filhos de Israel, dizendo: Certamente Deus vos visitará, e fareis transportar os meus ossos daqui.” (Gênesis 50.24-25)
A dignidade do corpo humano é ainda mais destacada na morte e ressurreição de Cristo, em que, primeiro, ele é ungido pela mulher com um frasco de perfume para sua preparação, e depois de morto, seu corpo é pedido por José de Arimatéia para ser colocado em uma tumba até então nunca usada, enrolando-o em um lençol. Enquanto encontrava-se no túmulo, as mulheres que auxiliavam Jesus e seus discípulos cuidaram de levá-lo aromas. Ao fim, Jesus ressuscitou, foi assunto aos céus e retornará. Viverá para sempre como o Homem-Deus, e terá sempre um corpo humano. Ele é a primícia dos que dormem, e nós também ressuscitaremos um dia neste mesmo corpo que hoje temos, porém glorificado.
A União Nacional das Igreja e Pastores Evangélicos, assim, manifesta seu lamento ao ocorrido e ao crime praticado contra a memória desse senhor, cujo corpo foi vilipendiado por sua sobrinha por motivo vil, pela busca de ganho material e financeiro. Espera-se por sua condenação penal, ao que oramos pela restauração moral e espiritual de nossa nação.
São Paulo, 19 de abril de 2024.
Bp. Eduardo Bravo - Presidente da UNIGREJAS
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