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São Paulo, 24/04/2024

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    Palavra do Presidente acerca de carta ao leitor da revista Veja

    A revista Veja acusa a igreja cristã brasileira de não respeitar o Estado laico e de estar, atualmente, atuando em um projeto de poder


    Palavra do Presidente acerca de carta ao leitor da revista Veja

     

    PALAVRA
    DO PRESIDENTE

    ACERCA
    DE
    CARTA AO LEITOR DA REVISTA VEJA:  “EM NOME DE
    DEUS”

     

    A UNIGREJAS, União Nacional das Igrejas e
    Pastores Evangélicos, vem a p
    úblico, através da
    palavra de seu Presidente, pronunciar-se acerca da redação da
    Revista Veja que publicou uma Carta ao Leitor acusando a Igreja
    no
    Brasil de não respeitar o Estado
    laico e angariar um projeto de poder.

     

    Resumo

    Em Carta ao Leitor, intitulada “Em nome de
    Deus”, a revista Veja acusa a igreja cristã brasileira de não respeitar o
    Estado laico e de estar, atualmente, atuando em um projeto de poder. Coloca,
    ainda, fotos de Edir Macedo, Bispo da Igreja Universal, ao lado ex-presidente
    Lula e do atual presidente da República Bolsonaro, com a seguinte legenda:  “
    LÁ E CÁ - Edir Macedo, da Igreja Universal, com Lula em 2007
    e com Bolsonaro agora: projeto pol
    í
    tico com base na religião.” Dá a entender que a igreja tem ignorado o ensino
    de Cristo de dar a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.  A publicação sustenta  que a laicidade é inspirada nos preceitos da
    revolução francesa, e que se não houver isolamento dos interesses do Estado e
    das igrejas, “podemos entrar numa era de retrocessos”.*

    Surpreende-nos a leviandade de uma empresa
    jornalística
    , que acumula anos de credibilidade, ao tratar do fenômeno da religião em
    praça pública de maneira tão superficial e inconsequente, com conceitos e
    denúncias que apresentam fraquíssimo fundamento teórico e fático.

     

    Manifestação

    Acerta a redação do referido periódico ao
    dizer que a primeira Constituição republicana, de 1891, já assegurava a
    laicidade do Estado brasileiro. Falha, porém, ao não mencionar, que foi o
    Decreto 119-A, de 1890, que institui o Estado laico no Brasil, o qual
    Prohibe a intervenção da autoridade federal e dos Estados
    federados em materia religiosa, consagra a plena liberdade de cultos, extingue
    o padroado e estabelece outras providencias
    ”. Tal decreto foi revigorado pelo Decreto n 4.496,
    de 2002, pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso.

    Cada país ou nação desenvolve um modelo de
    laicidade de acordo com sua própria tradição, história e cultura. Por isso, a
    Constituição de 1988, como todas as demais anteriores a ela, com exceção a de
    1937, invoca o nome de Deus, com ‘D’maiúsuculo, como reconhecimento à divindade
    da fé cristã, sob a qual o Brasil foi erigido desde sua descoberta e fundação.

    A redação da Carta publicada pela revista erra também ao ignorar que a
    Constituição de 1988 estabelece, em seu art. 19, inc. I, o Estado laico
    colaborativo, em que é permitida a aliança entre cultos religiosos ou igrejas
    para colaboração de interesse público. Portanto, o modelo de laicidade
    brasileiro nada tem a ver com aquele instituído pela Revolução Francesa, um
    laicismo que prega separação radical entre Estado e religião, ao ponto de ter
    cometido um verdadeiro genocídio contra os religiosos da França, em que até
    mesmo freiras foram decapitadas nas guilhotinas. Esse tipo de laicismo
    de
    combate persegue cristãos ao redor do mundo, principalmente em países socialistas, tal qual China, Coréia do Norte, Cuba, e, mais
    recentemente na Nicarágua.

    Quanto ao ensinamento de Cristo,  “Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”,
    o redator da carta não faz interpretação
    adequada. Essas palavras não significam que os discípulos de Cristo e a Igreja
    não podem participar da vida pública, mas sim que César, como líder maior do
    Estado romano, tinha sua própria esfera de atuação que gerava obrigações a
    serem respeitadas pelos cidadãos ou seus súditos. Aliás, entre os doze, Jesus
    escolheu um cobrador de impostos e um zelote. 
    E no Antigo Testamento, vemos vários personagens bíblicos atuando nos
    palácios do poder a partir de sua fé, tal qual Ester na Pérsia e Daniel na
    Babilônia, por exemplo. Faz-se importante ressaltar que a Bíblia ensina que
    Deus é criador e Senhor sobre todas as esferas da vida humana, seja familiar,
    econômica, política, ou artística, estando todas elas submetidas à soberania de
    Deus, quer aceitem ou não.

    É um tanto contraditório que muitos
    desejam ver os religiosos e suas instituições fora da praça pública. Contudo,
    esses mesmos são os que defendem que atores sociais ideológicos com suas
    instituições tenham passe livre e um cheque em branco para fazer política e
    impor os seus valores através de sua militância e atuação nos Poderes
    Judiciário, Legislativo e, até mesmo, no Executivo. Ora, ninguém deixa seus
    valores na porta de casa quando participa da vida pública e contribu
    i com seus papéis na sociedade, seja ateu,
    religioso, conservador ou progress
    ista.

    Em relação às fotos do Bispo Edir Macedo
    com Bolsonaro e Lula, que hoje concorrem às eleições presidenciais
    com
    propostas de governo muito distintas, há de se entender que a Bíblia ensina o respeito às autoridades, conforme
    escrito na Epístola do Apóstolo Paulo aos Romanos: “Todo homem esteja
    sujeito
    às
    autoridades superiores; porque nã
    o há autoridade que não proceda de Deus; e as
    autoridades que existem foram por ele institu
    í
    das”. Ali estão fotografadas a visita de um líder religioso a dois presidentes
    da República, cada um à sua época.

    Por fim, fica o encorajamento à redação da
    Revista Veja,
    a qual já foi
    tão importante para o debate público brasileiro, que aprofunde o seu
    conhecimento acerca do tema da laicidade
    e do Estado laico colaborativo
    no Brasil, bem como seja mais
    transparente em relação às suas intenções. O livro “A laicidade colaborativa
    brasileira: da aurora da civilização à Constituição brasileira de 1988”, dos
    autores Thiago Rafael Vieira e Jean Marques Regina é uma boa indicação aos
    editores e à redação da Veja.

     São Paulo, 08 de setembro de 2022. 

     

    Bp. Eduardo Bravo -
    Presidente da UNIGREJAS

     

    mso-ansi-language:PT">*  
    Disponível em:
    https://veja.abril.com.br/politica/carta-ao-leitor-em-nome-de-deus/. Acesso em
    08 de setembro de 2022.















































    mso-ansi-language:PT">*  
    *Leia mais em:
    https://pt.aleteia.org/2018/07/17/as-16-carmelitas-martires-que-a-revolucao-francesa-decapitou/.
    Acesso em 08 de setembro de 2022. 




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