A responsabilidade de criar, com educação e zelo, uma criança é dos pais. Entretanto, ao contrário disso, temos visto muitos casos de abuso e violência contra os filhos vir à tona nos últimos tempos. Em vez de receber proteção, as crianças estão se tornando o alvo de crimes, agressões físicas e psicológicas, e até mesmo correndo risco de vida, dentro do próprio lar.

A exemplo da menina Victoria Rose Smith, de apenas três anos, que foi encontrada inconsciente dentro de casa, em 14 de janeiro último, numa cidade do estado norte-americano da Carolina do Sul. Com “ferimentos contundentes” e traumatismo craniano, indícios de maus tratos, ela faleceu no hospital após ser resgatada. Os suspeitos são os pais adotivos Ariel e Jerry Robinson, de 29 e 34 anos respectivamente. Ela era a caçula dos três irmãos adotados pelo casal.

Alguns dias antes da morte da pequena Victoria, Ariel foi às redes sociais e publicou diversas postagens onde comentava sobre o ‘privilégio branco’ de suas crianças adotadas. Ela se autointitulou uma ‘Mamãe Urso’ que faria qualquer coisa para proteger os filhos. Em um das postagens, ela escreveu que se sentia feliz por não ter que se preocupar com os filhos brancos. Mas, ao mesmo tempo, triste com as preocupações multiplicadas em relação aos filhos negros (os dois filhos biológicos do casal) quanto à realidade e ao mal do mundo fora de casa.

Abuso infantil

De acordo com um site de notícias norte-americano, a mulher, que ficou conhecida ao vencer um reality show no país, já havia mostrado perfil abusivo e agressor em outras ocasiões. Em 2019, durante uma apresentação pública, ela contou que ao receber a visita de uma assistente social em casa, os filhos mais velhos se comportaram mal. Então, ela os mandou calar a boca e os ameaçou de agressão. Além disso, afirmou que deveria tê-los trancados em gaiolas.

O casal, preso sem fiança, não quis fazer declaração à polícia. Por isso, ainda não se sabe a real motivação do crime. Contudo, pela acusação de homicídio por abuso infantil, eles podem ser condenados a 20 anos de prisão.

No Brasil, um casal (pai e madrasta) e uma adolescente também foram presos por manter um menino de apenas 11 anos acorrentado dentro de um barril. Nua e desnutrida, a criança foi resgatada pela polícia militar graças à denúncia de um vizinho.

“Houve uma época em que as crianças eram seguras com os pais, de forma geral. Hoje em dia, nem sempre. Então, cabe a todos os adultos estarem alertas ao estado das crianças ao seu redor, os vizinhos, na escola, até mesmo de amigos e parentes”, comentou sobre o caso, o Bispo Renato Cardoso no programa Inteligência e Fé, transmitido pela Rede Aleluia.

Não nos deixemos enganar

Não há circunstância que justifique o que leva uma pessoa a cometer tais crueldades contra uma criança ou o próprio filho. Por isso, abrir os olhos para essas questões e se propor a ajudar, seja por meio de denúncia ou campanhas de conscientização, é fundamental para quebrar o silêncio em torno destes crimes e fortalecer ainda mais as ações de prevenção e de punição.

De acordo com a jornalista Ana Carolina Cury, em sua coluna no R7, crimes como esses provam que a hipocrisia e a maldade humana ganham espaço a cada dia e reforçam a importância de não nos deixarmos enganar com falsas aparências.

“Quando li que os vizinhos ficaram espantados com o caso porque os pais do garoto eram, aparentemente, muito educados fiquei mais chateada ainda”, disse se referindo ao caso da criança brasileira encontrada nua, desnutrida e acorrentada. “A sociedade está repleta de pessoas como eles, que fingem fazer o bem para esconder seus crimes”, completou.

Portanto, é preciso ficar atento e tomar atitudes diante desses crimes que estão sendo revelados. Segundo o Bispo Renato Cardoso, “a gente precisa pressionar as autoridades para que protejam as nossas crianças de todo o tipo de abuso (…) as crianças têm que ser protegidas, isso é imprescindível. Quando as crianças passam a ser vítimas de uma sociedade, onde está a esperança de futuro dessa sociedade?”.

Saiba como ajudar

Com a confirmação de abuso, não deixe de denunciar.

Busque ajuda de órgãos como Conselho Tutelar, delegacia, Juizado da Infância e da Juventude, Ministério Público e ainda pelo Disque Direitos Humanos (Disque 100), um serviço de denúncias e proteção que funciona todos os dias da semana, 24 horas. Além do contato ser feito via telefone, a notificação não necessita de identificação.

Acesse também o site www.dpf.gov.br e denuncie.