Adolescente muda de sexo e se arrepende
Conheça a história da Keira Bell, hoje com 23 anos que se arrependeu de ter mudado de gênero na adolescência
“Me permitiram seguir adiante com as ideias que eu tinha na adolescência, quase uma fantasia, e isso me afetou no longo prazo, como adulta”. A afirmação é da britânica Keira Bell, de 23 anos de idade. E as ideias as quais se refere são sobre a mudança de sexo que ela realizou ainda na adolescência.
Keira Bell deu entrevista à BBC britânica no início de março, contando o grande arrependimento que sente por ter passado por processos tão invasivos e definitivos:
“Eu deveria ter sido questionada sobre as considerações que fazia a mim mesma. Acho que isso teria feito uma grande diferença. Se eu tivesse sido questionada nas coisas que eu dizia.”
Keira tinha apenas 16 anos quando iniciou o tratamento no sistema público de saúde. Ela conta que leu sobre transição de gênero na internet e desenvolveu disforia de gênero (desconforto persistente com características sexuais ou marcas de gênero que remetam ao gênero atribuído ao nascer).
Após apenas três consultas médicas de uma hora, iniciou o tratamento com bloqueadores de puberdade. Um ano depois, passou a tomar hormônios masculinos. Esse tratamento durou quatro anos. Durante ele, ela também realizou a retirada das mamas. Hoje se arrepende de tudo isso:
“Inicialmente, me senti muito aliviada e feliz (com a transição sexual), mas acho que, à medida que os anos foram passando, me senti cada vez menos entusiasmada ou feliz”.
Keira agora processa o sistema público de saúde pela negligência com que foi atendida. Ela era uma adolescente em formação e agora sabe que não foi suficientemente avaliada antes de realizar uma mudança tão drástica que afetaria sua vida inteira.
Crianças desesperadas
Keira conta que chegou à clínica desesperada e atormentada:
“Eu me sentia assim quando cheguei lá. Dizia que [a mudança de sexo] me salvaria de ideias suicidas e da depressão. Na época, senti que [o tratamento] aliviava todas as questões de saúde mental que eu sentia, além da disforia de gênero”.
De acordo com o próprio sistema de saúde britânico, essa é a maneira como quase todos os jovens chegam lá.
“Eles costumam chegar a nós muito abalados a respeito de quem são”, afirma a médica Polly Carmichael, diretora do serviço de identidade de gênero.
E aí está o que deixa Keira tão inconformada: estando claramente incapaz de decidir algo naquele momento, ela foi ouvida – ainda sendo menor de idade – e aceitaram conceder a ela um tratamento tão extremo:
“Cabe a essas instituições entrarem em cena e fazerem as crianças pensarem. Porque é um caminho que muda toda a sua vida”.
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Eles não estão prontos
Uma ex-enfermeira desse sistema de saúde voltado à identidade de gênero também está processando o Estado. Ela afirma que bloqueadores de puberdade estão sendo receitados a crianças de 12 anos de idade sem avaliações psicológicas adequadas.
A psicóloga Elisangela Pereira de Lacerda, especialista em Estratégia de Saúde da Família, contou, em entrevista recente ao Portal Universal.org, que “nesta idade tudo é descoberta, com dúvidas e inúmeros questionamentos. A criança ou o adolescente é um ser em desenvolvimento, ou seja, está em formação física e psiquicamente”.
Portanto, “necessita de responsáveis para decidir e cuidar de si, não arcando com responsabilidades sobre sua vida, podendo ser influenciados se não estiverem bem estruturados”.
No caso de Keira, a influência foi a internet. Mas ela também pode vir da televisão, do cinema, de livros, dos amigos…
Enfim, “a pessoa em desenvolvimento e formação é vulnerável e pode ser influenciada buscando aceitação do grupo”. Assim, não tem capacidade psíquica para tomar uma decisão tão importante.
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